Mercado de software e serviços de TI deve manter crescimento até 2021, prevê estudo
O Brasil faz parte do top 10 entre os mercados mundiais de TI, representando 1,9% das vendas de hardware, software e serviços globais. O país é o 9º maior mercado do mundo e também representa 36.5% das vendas totais do setor na América latina, muito à frente do México, que ficou em segundo lugar com uma quota de mercado de 22,9%.
A base do estudo do EMIS Insights – que contempla dados da ABES e da IDC – é 2016, ano em que a recessão no Brasil fez o mercado fechar em queda de 3,6% no valor das vendas, principalmente devido a demanda por produtos de TI.
Nikoleta Slavcheva, editora do EMIS Insights na América Latina, comenta que, em geral, o desempenho do mercado de TI no Brasil está seguindo as tendências globais, caracterizado por uma rápida expansão do segmento de software e serviços de TI, enquanto o mercado de hardware está mostrando sinais de maturação.
No entanto, ela lembra que em 2015 e 2016 houve uma série de fatores puramente locais que tiveram impacto significativo nos gastos domésticos com produtos e serviços de TI, como a desvalorização do Real, a alta taxa de desemprego e os menores investimentos em P&D, explicados pela recessão econômica deste período.
“Como resultado, o valor das vendas de hardware (incluindo PCs e tablets) no final de 2016 teve uma queda de aproximadamente 30% se comparado ao ano anterior, enquanto o segmento de software e serviços de TI apresentou um aumento de 1,2% no valor de vendas em 2016, muito abaixo do crescimento médio anual de 12,3% registrado entre 2010-2015. Em consequência disso, o Brasil perdeu duas posições no ranking global dos dez maiores mercados de TI, preparado pela International Data Corporation (IDC), encerrando 2016 na nona posição, enquanto em 2015 estava em sétima”, destaca.
A análise foi realizada pela EMIS, empresa multinacional que fornece informações estratégicas de empresas, setores e países dos mercados emergentes, e aborda como o mercado está e quais os caminhos que deve seguir até 2021.
Em termos de demanda, o EMIS Insights estima que equipamentos mais acessíveis como notebooks continuarão a dominar as vendas de PCs no Brasil.
O estudo estima ainda que o mercado doméstico de software e serviços de TI deve crescer entre 2017 e 2021. O crescimento deve ser baseado na recuperação da economia que irá atrair investimentos em clound, ajudando a expandir a IoT e a evolução de tecnologia blockchain.
Os serviços de TI, por sua vez, devem crescer 5% por ano entre 2017 e 2021 e, até o final de 2021, as vendas de software e serviços de TI devem alcançar USD 25,8 bilhões com um aumento de 5,7% por ano.
O estudo revela que o setor de TI no Brasil está cada vez mais centrado no desenvolvimento de software e serviços de TI. Isso é explicado pela crescente popularidade das startups nos últimos anos, que foram impulsionadas, principalmente, pela busca de inovação por parte das grandes empresas nacionais das indústrias financeira, manufatureira e de serviços. De acordo com as estimativas da EMIS Insights, o desenvolvimento de software deve ser o principal impulsionador de crescimento para o setor de TI, pois investimentos maiores em segurança e aplicativos na nuvem aumentarão as vendas nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, as deficiências existentes nas capacidades domésticas de produção de hardware, que dependem fortemente de insumos importados, juntamente com uma demanda fraca que deve permanecer presa no segmento de produtos de baixo custo, são destacadas pela EMIS Insights como os principais fatores restritivos para os fabricantes de hardware doméstico.
Além da análise das vendas e do desempenho operacional da indústria de tecnologia de informação no Brasil, o relatório da EMIS Insights também volta a atenção para o ambiente regulatório do setor, pois há uma série de questões que estão, atualmente, desempenhando um papel negativo para o desenvolvimento do mercado doméstico de TI.
“Curiosamente, apesar da crescente importância do segmento de software e dos serviços de TI, ainda não existe um marco regulatório abordando de maneira mais completa e adequada as questões ligadas à privacidade, segurança da informação e proteção de dados pessoais. Ao mesmo tempo, a legislação existente concentra-se principalmente no segmento de hardware, delimitando os incentivos fiscais que o Estado oferece aos fabricantes. Exatamente esses incentivos foram o motivo pelo qual, em agosto de 2017, a OMC (Organização Mundial do Comércio) determinou que a política industrial do Brasil não está em conformidade com as regras da organização e solicitou sua remoção em um período de 90 dias.”
No entanto, essas mudanças provavelmente vão demorar, tendo em vista que 2018 é um ano de eleições. Um fator adicional que chama a atenção para a legislação, de acordo com a EMIS Insights, é a falta de regras claras por parte do Banco Central em relação à operação de startups de tecnologia financeira (fintechs). “Estas estão se tornando cada vez mais populares no país, pois oferecem às pessoas sem acesso aos bancos tradicionais a oportunidade de obter serviços financeiros. Como resultado, as fintechs devem cumprir com os requerimentos de liquidações gerais que aumentam seus custos operacionais e dificultam seu desenvolvimento.”
No nível regional, o Brasil continuou sendo o maior mercado latino-americano de TI. Em 2016, o país foi responsável por mais de um terço do total de gastos regionais em TI, enquanto a participação combinada dos cinco países a seguir no ranking em termos de valor de vendas de TI, incluindo México, Colômbia, Argentina, Chile e Peru, ficou em 51%.
“Em geral, embora quase todos os líderes locais tenham sofrido quedas no valor das vendas em termos reais no período, o mercado de TI na América Latina foi mais influenciado pelo fraco desempenho do líder Brasil, de acordo com as estimativas da EMIS Insights. O único país dos Top 5 na região que teve um aumento nas vendas foi a Colômbia, graças ao forte apoio público ao setor”, comenta.
Texto por: ComputerWorlds | computerworlds.com.br